Enxaqueca: Entenda Essa Doença Tão Incapacitante
Visão Geral da Enxaqueca
A enxaqueca é uma doença neurológica crônica, hereditária, complexa que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. É a segunda causa no mundo de incapacidade, perdendo apenas para doenças cardiovasculares, mas a primeira causa em indivíduos jovens. Caracteriza-se por dores de cabeça de moderada a forte intensidade e recorrentes, geralmente acompanhadas por outros sintomas debilitantes.
As mulheres são mais propensas a sofrer de enxaqueca (especialmente no período menstrual) do que os homens. Embora possa ocorrer em qualquer idade, é mais comum em adolescentes e adultos jovens, e podem acontecer em lado da cabeça, ou os dois.
Tipos de enxaqueca
Existem dois tipos principais de enxaqueca: com aura e sem aura.
Enxaqueca com aura:
É precedida por sintomas neurológicos, como distúrbios visuais, auditivos, motores ou sensitivos que ocorrem antes ou junto da dor de cabeça.
Enxaqueca sem aura:
A enxaqueca sem aura é o tipo comum de enxaqueca em que ocorre apenas a dor, sem os sintomas descritos acima, isto é, sem os sinais neurológicos temporários que caracterizam a aura em outros tipos de enxaqueca.
Os sintomas típicos da enxaqueca
Quais são os sintomas comuns?
- Dor pulsante unilateral ou fronto-temporal
- Náuseas e vômitos
- Sensibilidade à luz e sons
- Busca por repouso
- Piora da dor ao realizar exercícios físicos
Duração de uma crise de enxaqueca:
A duração das crises pode variar de 4 a 72 horas. A frequência das crises varia de pessoa para pessoa, podendo ocorrer desde raramente até, em alguns casos mais graves, diariamente.
Fatores comuns que podem desencadear a crise:
- Estresse
- Mudanças hormonais
- Mudança climática
- Certos alimentos e bebidas
- Alterações no padrão de sono
- Desidratação
- Jejum prolongado
Diagnóstico de enxaqueca
O diagnóstico da enxaqueca é clínico, baseado nos sintomas relatados pelo paciente e no histórico familiar. Não existe um teste específico para confirmar o diagnóstico e exame de imagem (tomografia ou ressonância) não é solicitado de rotina para o fechamento do diagnóstico.
O tratamento da enxaqueca geralmente envolve duas abordagens:
- Tratamento agudo: para aliviar os sintomas durante uma crise
- Tratamento preventivo: para reduzir a frequência e intensidade das crises
Medicamentos comumente usados para tratar crises agudas incluem analgésicos, anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) e triptanos. Para prevenção, podem ser prescritos betabloqueadores, antidepressivos, anticonvulsivantes, toxina botulínica A (Botox) ou anticorpos monoclonais, que é o tratamento mais inovador que se tem hoje para essa doença.
Procure sempre um neurologista, de preferência um cefaliatra para o tratamento eficaz dessa doença tão incapacitante
Além do tratamento medicamentoso, mudanças no estilo de vida podem ajudar a prevenir crises:
- Manter um padrão de sono regular
- Praticar exercícios físicos regularmente
- Evitar alimentos e bebidas desencadeantes
- Gerenciar o estresse
É importante ressaltar que fatores de risco como o uso excessivo de medicamentos para dor de cabeça pode levar à chamada “cefaleia por uso excessivo de analgésicos”, é a principal causa de crises de enxaquecas diárias, podendo assim piorar substancialmente o quadro.
Pessoas com enxaqueca com aura, especialmente mulheres que fumam e usam contraceptivos orais, têm um risco aumentado de acidente vascular cerebral (AVC). Portanto, é crucial discutir opções de contracepção com um médico.
A enxaqueca pode ter um impacto significativo na qualidade de vida
A enxaqueca é uma doença que se inicia na adolescência ou no início da vida adulta, afetando principalmente indivíduos em idade economicamente ativa. O resultado disso é possível queda do desempenho no trabalho, nas atividades diárias e nas relações sociais. No entanto, com o tratamento adequado e mudanças no estilo de vida, muitas pessoas conseguem controlar efetivamente seus sintomas.
Pesquisas recentes têm explorado novas opções de tratamento, incluindo terapias com anticorpos monoclonais e estimulação magnética transcraniana. Essas abordagens inovadoras oferecem esperança para pacientes que não respondem bem aos tratamentos convencionais.
É fundamental que pessoas com enxaqueca frequente (mais do que cinco dias de dor no mês) consultem um neurologista, preferencialmente um especialista em cefaleias (cefaliatra). O médico especializado desenvolve um plano de tratamento personalizado e monitora a eficácia do mesmo ao longo do tempo.
Manter um diário de dores de cabeça pode ser útil para identificar a causa da enxaqueca, padrões e gatilhos específicos. Isso ajuda tanto o paciente quanto o médico a entender melhor a condição e ajustar o tratamento conforme necessário.
Para muitos pacientes, uma abordagem multidisciplinar, incluindo medicamentos, terapias comportamentais e técnicas de relaxamento, pode ser mais eficaz do que qualquer tratamento isolado.
Em casos de enxaqueca crônica, definida como 15 ou mais dias de dor de cabeça por mês, por pelo menos três meses, podem ser consideradas opções de tratamento adicionais, como injeções de toxina botulínica.
Embora a enxaqueca seja uma condição crônica sem cura conhecida, os avanços na compreensão de sua fisiopatologia e o desenvolvimento de novos tratamentos têm melhorado significativamente as perspectivas para os pacientes.